Paz interior
13 de novembro de 2006
Ela vinha rua fora, bem arranjada para mais e mais compras. São a sua distracção.
Ainda não sabe o que deve fazer na vida. Que valor dar aos seus dias.
No entanto, alguns (suas vítimas do passado), já lhe perdoaram.
Perdão pelas suas intrigas que tantos infelizes fizeram.
Mães que tiveram que se separar, à força, dos filhos.
Filhos que tiveram que aguentar a solidão de não ter mãe para os mimar e ter aquela, ao contrário, tão próximo.
E percebendo esses filhos de outras mães, apesar de crianças pequenas ainda, o poder maléfico da intriga e da espionagem contínua das suas vidas, agora também em perigo.
Assim como esses maridos que desesperaram com as suas mentiras, diz-que-disse e as reticências malévolas que empurraram os desgraçados para os piores e mais falsos pensamentos.
Todos esses, no entanto, perdoaram-lhe.
E esta mãe também, até porque não podia ficar com o peso de não lhe dar uma oportunidade de recuperar a sua vida.
A verdadeira vida dela. A sua vida interior. A sua possibilidade de progresso em melhoria pessoal.
E esta mãe também não queria deixar de se perdoar a si própria o sofrimento que ela lhe causou.
Os filhos agora criados por outra, apesar de tudo, estão bem - no bem possível.
Dos céus, em trovoada e chuva, surgiu um relâmpago bem forte que a iluminou ali no meio da cozinha.
E a sua vida, tão escurecida de amargura, clareou por uns instantes também.
Então ela conseguiu compreender que o perdão que foi capaz de sentir pela outra, a iluminou de paz a ela própria.
Do relâmpago ficou a luz da sua paz interior.
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