Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2006-11-15

Pelo sim, pelo não...

15 de novembro de 2006

Montes e vales, declives e planícies. Água por todo o lado.

Inundações rápidas e desastrosas para pessoas, animais e plantas.
Sistemas de seguros talvez funcionem, mas não chegam para os prejuízos reais.
No meio da falésia, entre as quedas de água lamacenta e as rochas a pique sobre o mar, está uma mulher esfarrapada e cheia de sangue.

Os pescadores conseguem socorrê-la e até as redes de pesca lançadas sobre as rochas a ajudam, até chegar mais auxílio.
Não se lembra de nada a não ser da chuva derrubar o telhado da sua casa, no alto da serra, onde sempre morou. Depois foi o andar, a cair, por ali abaixo.

Parece-lhes apática. Talvez dos nervos ou do cansaço.
Levaram-na ao posto médico para tratar e descansar.
Passados uns dias, foram vê-la, já com melhor aspecto, mas não dizia coisa com coisa.

Assegurava que estava morta algures lá em cima, na serra e que, por favor, a fossem buscar.
Pois não precisava de nada, então não lhes acabara de dizer que tinha morrido.
Os mortos só precisam de sepultura.
E era isso que ela lhes pedia; que a fossem encontrar lá em cima e lhe fizessem uma sepultura normal.

Podia ser lá ao pé da sua casa.
Eles saíram a discutir uns com os outros. Não custava nada, agora nem podiam ir pescar com este tempo.

E faziam um passeio, todos juntos, até à casa dela.
No dia seguinte, uns quantos foram serra acima.

Encontraram a casa e a ela mesma, caída à porta, ensanguentada pelas pedras que lhe bateram, ao rolar com as águas com toda a força.
Levaram-na envolta em lençóis que tinham levado, pelo sim... pelo não...
Passaram pelo posto médico, pensando que seria uma gémea da primeira.
Juntou-se o grupo todo dos pescadores no enterro. Ela agradeceu-lhes, comovida.

No dia seguinte, foram despedir-se dela, pois o mar calmo chamava-os.
- Qual mulher? Vocês não brinquem!