16 de maio de 2006
Aproximei-me da porta da rua e encontrei-a.
Tinha um ar angustiado, algo desiludido.
Os médicos disseram-lhe que tinha um esgotamento e tinha que abrandar as tarefas diárias e o ritmo veloz a que as faz.
Isso deixou-a desconsolada.
Eu ouvia a sua voz lá dentro. Ao fundo dela mesma.
A dizer-me que não era essa a razão mas outra doença muito mais grave, ainda incurável para a medicina.
E a voz até me explicava o lugar onde estava alojado o mal.
Olhei-a e pedi-lhe para fazer como os médicos mandavam.
Não desprezasse os seus conselhos pois talvez fosse mesmo preferível abrandar e agarrar novos interesses.
Os telefonemas, às vezes, também são angustiantes.
Outra foi operada com diagnóstico reservado por doença grave.
Cheia de coragem enfrenta conversas ao telefone enquanto o marido se deixa cair descoroçoado com as notícias.
Os dias chegam e passam acumulando lembranças por nós.
Nós acumulamos sensações.
Muitas delas reservadas.
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