Recordações
14 de julho de 2007
Dorme e chora. Por instinto, ou reacção do corpo, faz a rotina do dia e deita-se para dormir, à noite.
Todos os hábitos, arreigados em muitos anos de vida, são agora extremamente úteis para assegurar a sobrevivência enquanto a cabeça não recupera da tristeza profunda.
Ele procura a solidão e até o escuro em vez da luz, o espaço fechado de um quarto em vez do jardim a céu aberto de que tanto gostava.
Hoje consegui levá-lo para esse jardim e que ficasse sentado num dos bancos que lá estão.
Mas continua apático, com a solidão instalada, lá dentro, funda, a transformar-se em pedra.
O andar ficou trôpego de uma hora para a outra e tudo o faz tropeçar.
Contudo, apesar dos olhos estarem sempre enevoados e os obstáculos serem simples sombras, desvia-se deles cautelosamente – sejam portas, pilares, mesas ou pessoas.
Penso que temos também direito a estar tristes e ter um tempo nosso para amar a nossa tristeza.
Mas não devemos deixar a tristeza tomar conta da nossa vida. Só de algum tempo da nossa vida.
Devemos manter acesa a esperança de voltar a querer o sol e as flores, e tudo mais nítido à nossa volta.
Além de que os dias continuam a suceder-se, à espera da nossa alegria, para lhes fazer companhia… assim que puder ser.
E que seja bom outra vez.
As recordações deverão reunir-se como um braçado de flores e reaparecer a cada estímulo.
Simplesmente assim… como boas recordações a embelezarem os dias.
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