Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-07-14

Recordações

14 de julho de 2007

Dorme e chora. Por instinto, ou reacção do corpo, faz a rotina do dia e deita-se para dormir, à noite.
Todos os hábitos, arreigados em muitos anos de vida, são agora extremamente úteis para assegurar a sobrevivência enquanto a cabeça não recupera da tristeza profunda.
Ele procura a solidão e até o escuro em vez da luz, o espaço fechado de um quarto em vez do jardim a céu aberto de que tanto gostava.
Hoje consegui levá-lo para esse jardim e que ficasse sentado num dos bancos que lá estão.
Mas continua apático, com a solidão instalada, lá dentro, funda, a transformar-se em pedra.
O andar ficou trôpego de uma hora para a outra e tudo o faz tropeçar.
Contudo, apesar dos olhos estarem sempre enevoados e os obstáculos serem simples sombras, desvia-se deles cautelosamente – sejam portas, pilares, mesas ou pessoas.
Penso que temos também direito a estar tristes e ter um tempo nosso para amar a nossa tristeza.
Mas não devemos deixar a tristeza tomar conta da nossa vida. Só de algum tempo da nossa vida.
Devemos manter acesa a esperança de voltar a querer o sol e as flores, e tudo mais nítido à nossa volta.
Além de que os dias continuam a suceder-se, à espera da nossa alegria, para lhes fazer companhia… assim que puder ser.
E que seja bom outra vez.
As recordações deverão reunir-se como um braçado de flores e reaparecer a cada estímulo.
Simplesmente assim… como boas recordações a embelezarem os dias.