Regresso
29 de maio de 2007
Estavam várias pessoas de bata branca numa sala, também igualmente branca como de hospital, sem móveis a não ser uma cama de ferro e uma mesa-de-cabeceira também de ferro.
As pessoas rodeavam uma senhora adulta de aspecto forte e de ar nada doente.
No entanto parecia estar a sentir um cansaço extremo porque mal falava e toda ela parecia em câmara lenta.
Eis que chega uma rapariga que se aproxima da cama devagar e olhando-a com todo o carinho, lhe pega nas mãos e entrelaça-as nas suas.
Parece que vai chorar, mas segura as lágrimas nos olhos e a tremura das palavras, para ir falando com calma e boa disposição.
Vai falando das novas técnicas e produtos, das novidades dos computadores, de tudo o que a tal senhora poderá encontrar daí a algum tempo.
Das lojas que agora estão juntas em centros comerciais, das serras, dos campos, da neve e do calor, das praias…
A senhora parece esboçar alguns sorrisos, conforme vai ouvindo as palavras.
A rapariga continua a falar devagar sobre música, arte, beleza e tudo o que se vai lembrando de agradável.
E a senhora, em paz, parece transformar-se, como que encolhendo.
O tal pessoal de bata branca acode-lhe, rodeando-a.
E ela encolhe tanto que parece transformar-se em bebé minúsculo.
A voz da rapariga, agora sentada a um canto da sala, continua a soar na cabeça do bebé, do tamanho de um recém-nascido ou talvez ainda mais pequeno.
- E depois, 'vó?
- E depois a rapariga abraça-a, como tu agora me estás a fazer, e a bebé chama-lhe 'vó!
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