O resto... é conversa!
25 de novembro de 2006
Ele estava numa "camisa de forças", todo amarrado, sem se conseguir mexer.
Não entendia porquê. Não fazia mal a ninguém.
Diziam-lhe que não, era até calmíssimo. Então porquê aquele estrago todo?
Não entendia nada.
Via-se a si próprio numa cadeira e numa sala, como que a ser julgado.
Via-se a ser atirado ao chão e até lhe cuspiam; e empurravam-no pelo chão fora ao pontapé.
Via uma porta a abrir-se para uma espécie de ginásio, todo bonito e colorido.
A seguir, via-se outra vez sujo e cheio de frio.
Logo de seguida tentava sair de um espesso nevoeiro, de nuvens muito escuras.
Depois voava em pleno céu azul.
«Completamentete alucinado», ouviu dizer.
Alucinações, como, se estava tudo ali mesmo?
Até via recordações suas de várias épocas, todas seguidas, mais feias e horríveis que na altura de acontecerem.
Parou tudo e está numa sala à espera da enfermeira.
Ela chega, carinhosa, e começa a conversar com a mulherzinha franzina que está à sua frente.
«Ainda bem que percebeu, querida, assim já se sente melhor e tem hipóteses de ir para casa».
Essas coisas são assim. Só páram quando percebemos que são alucinações inúteis e parvas.
Que não é verdadeiramente assim hoje - mesmo que tenha tido alguma semelhança - hoje não quer ser doente e tem direito a uma vida normal e melhor do que era.
«E o senhor, também já se conhece melhor a si próprio?
Já tem mais a certeza "que não quer ir por alí"? Já sabe quem é?
Não se esqueça, o importante é a verdade de nós próprios na nossa vida».
O resto... é conversa!
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