Caleidoscópio
22 de novembro de 2006
Uma pequenita olhava espantada para um tubo.
Punha-o colado a um dos olhos e fixava-o na areia da praia onde estava.
E olhava por ele para as pedras, e conchas e tudo o mais que apanhava a jeito.
Ia soltando exclamações. A mãe chegou-se ao pé dela, achou-lhe piada pelos gritinhos e afastou-se percebendo que eram de satisfação e não de choro.
O pai aproximou-se, por seu turno, e ficou com ela e com o seu entusiasmo.
Explicou-lhe então que aquilo era um caleidoscópio, ou seja, um tubo com vidrinhos coloridos que ele mesmo tinha feito para ela.
Esperava que efectivamente ela se espantasse. Ainda bem que também gostava.
- Oh, sim! Sim, sim...
Continuou o pai a explicação de modo simples, apontando o tal tubo para o mar, para a espuma, para o céu. Mas nunca o deveria apontar para o sol, porque brilha demais para os seus olhos.
Ela continuava encantada com tudo o que via com o tubo.
Não o largava e queria ver o que a rodeava com essas cores e desenhos.
Tude se alterava. As coisas mais banais ficavam cheias de formas geométricas e coloridas de modo diferente do que eram à vista desarmada.
O pai explicou-lhe ainda que ela poderia fazer isso mesmo sem o tubo. A tudo o que quisesse.
Deveria fechar os olhos. O que ela fez logo e ficou com cara de bolacha, como a mãe gostava de lhe chamar.
De olhos fechados, agora só tinha que ver as coisas com outra luz e outra dimensão.
Todas as coisas poderiam ficar pior ou melhor do que eram.
Só dependia dela e do modo como as quereria ver.
Com tubo ou sem tubo...
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