Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2006-07-31

O motoqueiro

31 de julho de 2006

Uma cidade à beira mar iluminada apenas pelo crepúsculo.
Os tons que ainda a iluminam vão do vermelho-tijolo aos tons de castanho/preto.
Vamo-nos afastando da margem como se fôssemos num barco.
Conseguimos vê-la quase como um postal desdobrável em toda a extensão da sua marginal.
E seguidamente, a sua imagem começa a afunilar-se no vértice do nosso triângulo visual.

Mergulhados no anoitecer navegamos no mar.
Surge entretanto uma sombra de motoqueiro típico, com lenço a sair do capacete e a boa velocidade.
Parecia gozar o vento deslocado pela sua grande moto preta.
Pára de repente no meio de um deserto, entre alguns arbustos, casas velhas e abandonadas.
Começa a cortar o solo de areia como se fosse faca em manteiga.
Do seu corte saem esqueletos inteiros. Espantados, levantam-se e olham todos para nós, incluindo o motoqueiro, que sorri.
Os esqueletos vão-se afastando e, dizendo adeus para nós, começando a andar mais depressa.
Percebemos então que estão a ver conhecidos nas ruínas e que vão a um reencontro há muito esperado.