O motoqueiro
31 de julho de 2006
Uma cidade à beira mar iluminada apenas pelo crepúsculo.
Os tons que ainda a iluminam vão do vermelho-tijolo aos tons de castanho/preto.
Vamo-nos afastando da margem como se fôssemos num barco.
Conseguimos vê-la quase como um postal desdobrável em toda a extensão da sua marginal.
E seguidamente, a sua imagem começa a afunilar-se no vértice do nosso triângulo visual.
Mergulhados no anoitecer navegamos no mar.
Surge entretanto uma sombra de motoqueiro típico, com lenço a sair do capacete e a boa velocidade.
Parecia gozar o vento deslocado pela sua grande moto preta.
Pára de repente no meio de um deserto, entre alguns arbustos, casas velhas e abandonadas.
Começa a cortar o solo de areia como se fosse faca em manteiga.
Do seu corte saem esqueletos inteiros. Espantados, levantam-se e olham todos para nós, incluindo o motoqueiro, que sorri.
Os esqueletos vão-se afastando e, dizendo adeus para nós, começando a andar mais depressa.
Percebemos então que estão a ver conhecidos nas ruínas e que vão a um reencontro há muito esperado.
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