Um dia... Amanhã
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Estes quartos são para mulheres doentes. Também há muitas outras por ali, como enfermeiras ou familiares. Mas, só há mulheres.
As doentes têm problemas graves, tanto de perturbações mentais como físicas, até as estropiadas para sempre, ali estão. Quase imóveis.
À maioria correm lágrimas pelas faces. Lágrimas que caem ao longo dos braços ou nas roupas, conforme a posição do rosto. Ouve-se soluçar baixinho.
Os véus esvoaçam um pouco como se fossem tocados por uma brisa suave.
Apesar de estarem sob constante atenção, todas continuam imóveis. Só choram e são apenas os soluços que fazem estremecer os seus corpos.
Não há gritos, nem soluços fortes. Tudo ocorre baixinho, como num sussurro.
Quando o sofrimento é maior ou mais penoso, os véus abanam mais e a brisa como que as distrai e seca um pouco as lágrimas.
Estão ali muitas mães – desveladas mães que consolam as suas filhas, e até outras desconhecidas como se o fossem.
Hão-de recuperar e encontrar a verdade do seu sofrer.
Assim como um dia vão ser libertas e felizes…
Um dia… Amanhã…
No dia que for amanhã…
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Disse Voltaire : É perigoso ter razão quando as autoridades constituídas estão erradas !
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