Inverno
Vento forte batendo nas faces. As mãos e as orelhas estão muito frias.
As pernas estão trôpegas e os passos são trémulos, apesar do apoio da bengala.
Mas ele não desiste. Nunca desistiu, sempre se atirou com toda a coragem ao que achava que deveria fazer ou porque lutar.
Cheio de ideias novas e de uma vontade indestrutível fez sempre frente a doenças, azares, horrores e a todas as incongruências de que foi vítima ao longo de tantos anos.
Ele era sempre o apontado quando algo corria mal e sempre o chamado para resolver os problemas.
Mas não era chamado para o premiarem ou sequer agradecerem.
Tinha aquele ar de ser diferente, um ser incómodo para a sociedade.
E isso fazia sentir medo. Medo de o colocar em altos postos, medo de lhe dar a importância que deveras merecia. Porque trabalhava bem e num estilo perfeccionista. O que ainda piorava as relações com os outros, os da grande mediania.
Um colosso de homem, agora vacilante quanto ao Inverno que se avizinha.
Não o Inverno da natureza, mas o Inverno da sua vida.
.
.
.
© Ryszard Lebmor
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home