Limitações
Não sei que vida pode haver aqui. O chão parece todo queimado, esturricado, melhor dizendo.
A terra está castanha escura e endurecida como uma laje.
A noite permanece durante as horas do dia porque o céu está negro.
Não percebo de quê – se de fumo, se de fuligem – porque vão caindo cinzas ou algo semelhante.
- Que horror de paisagem…
- Não, o melhor de tudo é que nesta zona que vislumbramos, está a nascer um caule de qualquer planta, que ainda mal se percebe. É que, do céu – o tal céu escuro – caiu um grão de qualquer coisa, que uma ave transportava e deixou cair. E foi esse grão que deu um rebento verde.
Também ao cair fez uma fenda diminuta na terra. E dessa fenda subiu um líquido, para mim desconhecido. O grão ficou assim meio mergulhado e meio fora do tal líquido.
- Isso não pode ser porque eu estou a ver o grão e a fenda. O caule de que está a falar está ao lado, mas não é do grão.
- Então assim já não tenho explicação porque há mais fendas espalhadas, mais finas e mais largas, e não vejo mais nenhum rebento verde.
- Bem, se quiser, o impossível aconteceu.
- Quer dizer, o inexplicável! Mas tudo tem explicação!
- Sinto muito mas nem tudo tem explicação conhecida. Há muita coisa que o ser humano, cientista ou homem comum, não percebe e, no entanto, existe.
- Limitações a serem ultrapassadas?
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© Mario Paschetta
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