Lá mais acima
12 de abril de 2007
Num quarto muito limpo e arejado, está uma mulher deitada.
Está em paz, braços e mãos sobrepostas sobre o peito.
Ninguém à sua roda, ainda, percebeu que ela já não está entre os vivos.
Parece dormir, simplesmente.
Mas, como se fosse um arco-íris, a partir do seu peito, saem estrelas, e estrelas e mais estrelas douradas.
Continuando a seguir o arco-íris, a sua figura volta a formar-se muito acima do tecto do quarto, a caminho do céu, que hoje até está azul claro.
Parece que a levam, outros como ela, um de cada lado, elevando-lhe um pouco os braços.
Ela parece continuar a dormir e não reparar que agora é só estrelas, em vez de carne e osso.
Lá mais acima, não sei explicar bem, mas parece um portão e um átrio, muito brilhantes.
Estão várias pessoas, com brilhos diversos e as tais estrelas em cores e quantidades diferentes.
Apresentaram-se: são a melhor amiga, uma prima também dedicada, outra amiga e comadre, a mãe e a tia-madrinha.
O pai é um dos que a leva. O outro, não sei bem.
Talvez o padrinho. Não distingo bem quem é.
Todos a recebem, emocionados. Mas ela tem dificuldade em perceber.
Está a vê-los mas não tem forças para os abraçar.
Está muito fraca e levam-na para outro quarto e outra cama, que não conhece.
Estão ao lado dela, mas ela já dorme outra vez.
No entanto, agora já tem um sorriso nos lábios.
Não é fácil entender como é possível tanta luz, tanta estrela luminosa, tantas flores e tanto perfume numa espécie de atmosfera rosa.
Tudo é luz e brilho à sua volta.
São indicadores do que foi a sua vida e ela dorme em paz, sorrindo.
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