Carl Sagan # Cosmos
15 de abril de 2007
A história humana pode ser vista como um lento acordar do ser humano para a consciência de pertencer a um grupo mais vasto. Inicialmente a nossa lealdade ia para nós próprios e para aqueles que nos eram próximos; depois alargou-se aos bandos de caçadores nómadas, depois às tribos, às pequenas colónias, às cidades-Estados, às nações. Alargámos o círculo do nosso amor. Organizámos aquilo a que agora se chama super-potências, que incluem pequenos grupos de pessoas com antecedentes étnicos e culturais divergentes trabalhando de certa maneira em conjunto. É certamente uma experiência humanizante e formadora do carácter, Se tivermos de sobreviver, a nossa lealdade tem de se alargar até incluir toda a comunidade humana, o inteiro planeta Terra. Muitos daqueles que dirigem as nações considerarão esta ideia desagradável. Irão recear a perda de poder. Ouviremos muita coisa sobre a traição e a deslealdade. Os estados ricos terão de partilhar a sua riqueza com os estados pobres. Mas a escolha, como uma vez disse H. G. Wells num outro contexto, é ou o Universo, ou nada.
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Somos a encarnação local de um Cosmos que toma consciência de si-próprio. Começámos a contemplar as nossas origens: pó de estrelas meditando acerca das estrelas; ajuntamentos organizados de dez mil biliões de biliões de átomos analisando a evolução do átomo; descobrindo a longa caminhada que, pelo menos para nós, levou ao aparecimento da consciência. Devemos a nossa lealdade às espécies e ao nosso planeta. Somos nós que nos responsabilizamos pela Terra. Devemos a nossa obrigação de sobreviver não só a nós próprios, mas ao Cosmos, vasto e antigo, de onde despontámos.
In “Cosmos”
de Carl Sagan
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