29 de maio de 2006
Pálida, sonâmbula no corredor sem fim entre o quarto e a porta.
Tudo branco - roupas, paredes, portas. Até os chinelos.
Os remédios entorpecem e dão muito sono.
Demasiada sonolência. As mãos e os pés parecem em câmara lenta. Às vezes estão longe.
Mas percebe o que se diz. A ela não dizem nada. Ou então, nada que lhe interesse.
Queria ficar boa e sair dali. Até lá nada interessa.
Nada tem valor. Nada a apreocupa também.
Comida e remédios. E sono. Ahhh! tanto sono.
Será dia ou noite?
E o corredor continua porque é só virar-se e recomeçar noutra direcção.
Sempre junto à parede ou ao corrimão.
Foi o que lhe ensinaram porque senão pode cair.
Vão deitá-la. Deve ser noite.
A cama é boa, pode descansar as pernas. Está tão cansada.
Dizem que já é dia. E o pequeno-almoço... e o banho...
Pronto, já pode ir para o corredor outra vez.
Mas hoje apetece-lhe sonhar que vai andar no céu, entre as nuvens.
E não vai tomar os remédios, mas vai respirar fundo.
Sorver o ar a plenos pulmões.
Se calhar, consegue voar entre nuvens.
São macias e frescas.
Tão brancas...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home