Paralelo inacabado IV
.
Areias cor-de-rosa. Sim, cor-de-rosa. E bege também, o bege da cor de areia.
Nesse areal forma-se um remoinho e a areia fica em camadas concêntricas, misturando as cores.
São cores em tonalidades muito suaves de bege e rosa e até se distingue o branco da sílica a brilhar.
Oh, como tudo brilha à luz do sol.
Parece um deserto e está quente, mas não é o calor típico do deserto. E sopra apenas uma brisa muito, muito suave.
Do remoinho, saem pessoas como se chegassem ao cimo de uma escada vertical, muito lá do fundo, e em vez de uma porta chegam directamente à luz do sol no centro do dito remoinho, na areia.
Outros, cá em cima, olham fixamente para esse ponto central e apesar de estarem a salvo no areal conseguem, sem perceber como, mergulhar directamente no remoinho.
E caem. Caem na escuridão. E, ao cair, vão como que voando de braços abertos e com as roupas a esvoaçar. Primeiro descendo para o fundo e depois mantendo-se na horizontal.
Naquele espaço sempre escuro e sem luz aparecem de vez em quando círculos violetas a brilhar. E as pessoas aproveitam e passam pelo seu centro - como se eles apontassem o caminho.
E ao passar por eles é como se mergulhassem, agora, em água. E todos vão passando até chegarem ao outro lado, como se tivessem atravessado um planeta pelo centro.
Lá fora está céu azul e sol outra vez.
- Que viagem longa!
- Longa? Foram minutos e tu conseguiste dormir. Incrível!
.
. .
.
Disse Giovanni Pascoli: O sonho é a infinita sombra da verdade !
.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home