O grito
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É uma espécie de bolha de ar que sobe. Mas não sobe, afinal agora desce!
Depois parece subir outra vez. E outra… e outra…
Finalmente conseguiu subir. Vem do fundo, da zona do umbigo até à garganta.
E pronto… finalmente o soluço! Mas não é um soluço do estômago. É um soluço de choro. Do choro que se trava e tenta paralisar.
Os olhos aguentam as lágrimas… e a garganta faz descer a bolha de ar. E o choro aguenta-se outra vez!
Mas, não sei do quê, se do ar frio na cara, se das flores que oscilam entre a folhagem, se daquele gatito ali no muro… de repente não é mais um soluço!
É um grito, um grito que estremece tudo à sua volta, como uma onda de choque e as lágrimas caem, logo de seguida, em torrente.
Olha, é tudo ilusão! Na realidade, olhando ao espelho, só os olhos estão diferentes.
Foi tudo lá dentro… tão fundo… solitário!
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Disse Miguel de Unamuno : O solitário leva uma sociedade inteira dentro de si !
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