Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-10-22

O bébé

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Salas de espera carregadas de gente doente.
Entre pessoas em macas, de pé ou sentadas como podem, está um bebé, de poucos meses.
Ele brinca com os guizos do carrinho, com uma fralda e com as suas próprias pernitas e pés.
Está completamente alheio àquela algazarra de ambulâncias, vozes, microfones – com vozes que mal se entendem – pessoal hospitalar e médicos.
Uns ralham, outros resmungam, outros estão completamente calados.
Os calados estão assim por uma de duas razões: ou estão tão doentes e cansados que perderam a vontade de falar ou estão atentamente a seguir o futebol na televisão que, aliás, está muda.
E o bebé brinca sózinho, a descoberto, no carrinho.
Os altifalantes não deixam perceber os nomes que chamam e, de cada vez que produzem uns sons, aumenta a algazarra dos protestos.
A impaciência esparvoa as pessoas, em geral.
Mas o bebé continua a brincar, consigo mesmo, com ar feliz.
Das portas que se abrem automaticamente, entram e saem pessoas para atendimento médico.
Umas podem ir embora, outras têm que esperar pelo resultado dos exames.
Neste meio de doenças e mau humor, um bebé parece ser uma luz na escuridão.
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C. Petit